
Baseado nas teorias da aprendizagem (ex. reforçamento positivo, condicionamento operante, modelagem e etc.) e do modelo cognitivo mediacional, Schwartz e Andrasik (2003) define a terapia pelo Biofeedback como "um grupo de procedimentos terapêuticos que utilizam instrumentos eletrônicos ou eletromecânicos para uma mensuração fidedigna, processada, e retroalimentada, para os pacientes e seus terapeutas com informação psicoeducacional e com propriedades de reforçamento sobre a atividade autonômica e neuromuscular, normal e/ou anormal, na forma analógica ou digital, sonora e/ou visual, obtida por meio de um competente profissional de biofeedback, com objetivo de auxiliar os pacientes a desenvolverem consciência, confiança e um aumento no controle voluntário dos seus processos fisiológicos, que estão normalmente fora da consciência ou com baixo controle voluntário, sendo primeiramente controlado por sinais externos, e então por meio de cognições, sensações, ou outros meios para prevenir, parar ou reduzir sintomas".
Assim como a meditação e o yoga, o Biofeedback busca a autorregulação dos processos psicofísicos (homeostase) e o desenvolvimento da autoconsciência (Anchor et al, 1982; Benson e Stuart, 1993). Na terapia pelo Biofeedback utiliza-se dispositivos eletrônicos dotados de sensores capazes de coletar pequenos sinais elétricos da superfície da pele (não invasivos), processá-los e transformá-los em informações compreensíveis e psicoeducativas, tais como valores numéricos da temperatura da pele em graus Celsius, gráficos com valores de frequência cardíaca em batimentos por minuto, imagens e sons que interagem com as variações do tônus muscular, sendo atualmente possível controlar outros equipamentos através de ondas cerebrais que são capazes de alterar canais de TV, ou mesmo o mouse do computador (Neves Neto, 2010).
Em 1969, Neal Miller, um importante psicólogo experimental, publicou na revista Science suas descobertas sobre o “condicionamento operante visceral”, demonstrando que até respostas do sistema nervoso autônomo, como o fluxo sanguíneo, podiam ser aprendidas, mediante reforçamento. Suas descobertas forneceram as bases científicas para a expansão do biofeedback na prática clínica e para o desenvolvimento no campo da psicofisiologia aplicada, como estudos sobre a reabilitação neuromuscular, estados meditativos e neurofeedback e padrões de atividade eletrodérmica em pacientes esquizofrênicos. A aplicação dessas descobertas têm fornecido novos caminhos para o tratamento da epilepsia, transtornos do sono, redução de sintomas do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e fortalecimento da motivação comportamental no tratamento de dependências químicas (Green e Shellenberger, 2001).
A Psicol Psicologia e Saúde oferece a terapia com Biofeedback, proporcionando a autorregulação psicofisiológica de retorno imediato de informações através de aparelhos sensórios eletrônicos. Permite que a pessoa aprenda sobre o impacto que pensamentos e estilo de vida podem ter em suas emoções e em seu corpo. Em essência, fornece informações com a finalidade de permitir aos indivíduos desenvolverem a capacidade de autorregulação.
Referências
Anchor KN, Beck SE, Sieveking N, Adkins J. History of clinical biofeedback. Am J Clin Biofeedback; 1982. p. 3-16.
Benson H, Stuart EM. The wellness book. The comprehensive guide to maintaining health and treating stress-related illness. New York: Simon & Schuster; 1993.
Green J.A., Shellenberger R. A terapia pelo biofeedback. In: Jonas WB, Levin JS. Tratado de medicina complementar e alternativa. São Paulo: Manole; 2001. p. 420-37.
Miller N.E. Learning of visceral and glandular responses. Science; 1969. p. 434-45.
Schwartz M.S., Andrasik F. Biofeedback: a practitioner’s guide. 3rd ed. New York: The Guilford Press; 2003.
Neves Neto A.R. Biofeedback em terapia cognitivo-comportamental. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo; 2010. p. 127-32.
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