"Em busca de um maior grau de sanidade, ela começa onde muitos diriam que a sanidade sai de cena: no limiar do mundo não-humano. De uma certa forma, nesse mútuo tecer da ciência, psiquiatria, poesia e política, as prioridades ecológicas do planeta passam a ser expressas por meio do mais privado trabalho espiritual. O grito da Terra por ajuda contra o peso punitivo do sistema industrial que nós criamos é o nosso próprio grito por uma vida em escala e qualidade que liberta a cada um para tornarmo-nos a pessoa completa que, sabemos, nascemos para ser” (Theodore Roszak).
O termo Ecopsicologia foi utilizado pela primeira vez na década de 90 pelo historiador social Theodore Roszak. Segundo Roszak, “o objetivo da ecopsicologia é superar o histórico e persistente abismo entre o psicológico e o ecológico, para ver as necessidades do planeta e as das pessoas como um continuum”.
A Ecopsicologia tem grande influência nos temas relacionados a deterioração do meio ambiente e suas influências na nossa saúde física e mental. Ela estuda e propõe maneiras de restabelecer a conexão em todos os níveis entre nós e o mundo, em primeiro lugar através da reconexão com nós mesmos, buscando ampliar nossa consciência sobre aquilo que somos como indivíduos, seres humanos, seres vivos, parte do ecossistema e como seres espirituais deste planeta. É o encontro entre a Psicologia e a Ecologia, tanto como ciência como movimento social. Ela explora nossos vínculos psicológicos com a Natureza, revelando que nesses vínculos a dimensão biológica, a psíquica e a espiritual se interconectam.
Por meio da Ecopsicologia amplia-se nosso entendimento sobre quem somos nós e qual nosso papel na Teia da Vida. Amplia-se também nosso entendimento de como a dimensão psicológica está na raiz da crise ambiental que vivemos, e no que a Psicologia pode ajudar na superação dessa crise.
Uma pesquisa publicada no periódico Royal College, na Inglaterra, demonstrou que pessoas que vivem nas cidades grandes estão 50% mais propensas a sofrer de ansiedade e depressão do que pessoas que vivem no campo. Constataram também que os níveis de neuroses e psicoses, esquizofrenia e TAB (Transtorno Afetivo Bipolar) são 2 vezes mais altos nas cidades do que no campo.
O médico Yoshifumi Miyazaki, da Universidade de Chiba, no Japão, estuda o shinrin-yoku desde 1990 e, junto com outros pesquisadores, comprovou os benefícios da Terapia Florestal. Os resultados da pesquisa aprofundada, publicados em 2009, mostram que o contato com ambientes florestais reduziu em 13% a concentração de cortisol no sangue das pessoas analisadas, em 2% a pressão sanguínea e em 18% a atividade do sistema nervoso simpático, responsável pelas respostas involuntárias a situações de perigo e estresse, além de uma diminuição de 6% na frequência cardíaca. Os dados foram acompanhados por uma melhora de 56% na atividade do sistema nervoso parassimpático, que responde a situações de calma, indicando um relaxamento biológico.
Nos últimos anos, vários estudos de psicologia experimental vincularam a exposição à natureza com aumento de energia e maior sensação de bem-estar. Pesquisas mostraram que pessoas em excursões em áreas selvagens relatam que se sentem mais vivas e que apenas relembrar experiências ao ar livre aumenta a sensação de felicidade e saúde. Outros estudos sugerem que a própria presença da natureza ajuda a afastar a sensação de exaustão e que 90% das pessoas relatam aumento de energia quando colocadas em atividades ao ar livre. O que é novo nessa pesquisa, escrevem os autores, é que ela testa cuidadosamente se esse aumento da vitalidade associado ao ar livre é simplesmente o efeito positivo da atividade física e da mistura de pessoas frequentemente presentes nessas situações.
Para descobrir os efeitos da natureza por si só, os autores conduziram cinco experimentos separados, envolvendo 537 estudantes universitários em contextos reais e imaginários. Em um experimento, os participantes foram conduzidos a uma caminhada de 15 minutos por corredores internos ou ao longo de um caminho de rio ladeado por árvores. Em outra, os alunos da graduação viram cenas fotográficas de edifícios ou paisagens. Um terceiro experimento exigia que os alunos se imaginassem em uma variedade de situações, tanto ativas quanto sedentárias, por dentro e por fora, com e sem outros.
Dois experimentos finais rastrearam o humor e os níveis de energia dos participantes ao longo do dia, usando entradas de diário. Durante quatro dias ou duas semanas, os alunos registraram seus exercícios, interações sociais, tempo passado fora e exposição a ambientes naturais, incluindo plantas e janelas. Em todas as metodologias, os indivíduos se sentiam consistentemente mais enérgicos quando passavam um tempo em ambientes naturais ou se imaginavam em tais situações. As descobertas foram particularmente robustas, observa Ryan; estar ao ar livre na natureza por apenas 20 minutos por dia foi o suficiente para aumentar significativamente os níveis de vitalidade.
Curiosamente, no último estudo, a presença da natureza teve um efeito energizante independente, superior ao de estar ao ar livre. Em outras palavras, concluem os autores, estar ao ar livre foi vitalizante em grande parte por causa da presença da natureza.
E e você, já sentiu na pele os benefícios de estar em meio da natureza para contemplá-la? Como você se sentiu emocional e fisicamente? Experimente incluir a natureza na sua rotina e sinta os benefícios!
Referências:
Rodriguez, Maira Fuencisla. 2019. EcoPsicología: integracion con nuestras raíces (Spanish Edition). Edição do Kindle.
Richard M. Ryan, Netta Weinstein, Jessey Bernstein, Kirk Warren Brown, Louis Mistretta, Marylène Gagné. 2010 Efeitos vitalizantes de estar ao ar livre e na natureza. Journal of Environmental Psychology. DOI: 10.1016 / j.jenvp.2009.10.009
Instituto Brasileiro de Ecopsicologia. 2021. Ecopsicologia. Disponível em: <https://ecopsicologiabrasil.com/>. Acesso em: 27/02/2021.
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