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Foto do escritorAline Cecel

Já ouviu falar em Neurônios Espelho?


Há algum tempo atrás, acreditava-se que a capacidade de reconhecimento de uma emoção era decorrente de um processo puramente cognitivo, ou seja, ao observar a expressão facial e corporal de um indivíduo e suas características, poderíamos deduzir de qual emoção se tratava através de um processo lógico. Contudo, hoje sabe-se que essa compreensão ocorre devido a existência de um sistema neural específico denominado NEURÔNIOS ESPELHO.

Descobertos na década de 90, inicialmente em macacos, os neurônios espelho já foram encontrados em diversas espécies, inclusive em pássaros. São neurônios visomotores localizados no córtex frontal inferior que compreendem um sistema neural que dispara quando um indivíduo executa um ato motor ou quando observa outro indivíduo executando o mesmo movimento, como se estivesse observando suas próprias ações através de um espelho.

Acredita-se que os neurônios espelho sejam estruturas preservadas para que um indivíduo possa perceber o efeito provocado pelo seu próprio ato motor e também para compreender as ações e intenções de outros indivíduos. Portanto, essas células relacionam a nossa mente com a nossa existência e encontram uma analogia entre o nosso corpo e o corpo de outras pessoas, procurando uma similaridade entre nossos estados mentais e corporais com os de outros indivíduos.

Existe uma forte tendência dos seres humanos em alinhar seu comportamento com seus companheiros durante interações sociais. E essa tendência aliada a atividade dos neurônios espelho aumenta, automaticamente, nossa capacidade de entender os outros. Normalmente, bons imitadores são também bons em reconhecer emoções em outras pessoas, podendo levar a uma maior empatia, uma vez que a imitação facilita as interações sociais, aumenta a conexão, aproxima as pessoas e promove o cuidado mútuo.

No ser humano, foram identificadas áreas cerebrais específicas, como o córtex insular, ligadas à identificação de emoções. E não se trata de um processo dedutivo, mas sim da capacidade de compreensão imediata da experiência emocional do outro, pois identificamos a mesma experiência em nós mesmos e quanto maior a identificação da experiência em nós, maior a ativação neuronal.

Um experimento observando a atividade neuronal de uma bailarina clássica através de ressonância magnética funcional, demonstrou que quando ela assistia uma apresentação de um bailarino clássico do sexo oposto as mesmas áreas cerebrais envolvidas para execução do movimento eram identificadas no cérebro da bailarina. Além disso, quando a experiência era feita com uma bailarina que assistia a apresentação de outra dançarina clássica, ou seja, alguém do mesmo sexo, a atividade neuronal era ainda maior. Contudo, quando essa mesma bailarina observava um jogo de capoeira, cujos fundamentos não eram de seu conhecimento, seu cérebro mostrava pouca atividade.

Atualmente, os neurônios espelho vêm sendo amplamente estudados e envolvidos em muitos processos importantes, como no aprendizado por imitação, no desenvolvimento da linguagem, assim como em diferentes patologias, entre elas o autismo, que é caracterizado pela dificuldade em realizar interações sociais e comunicativas.


Fonte: Jornal da PUC - SP e Vitallogy

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